Quem usa droga pode ir preso: o crime para manter o uso

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Quem usa droga pode ir preso? Este questionamento permeia a realidade de muitas famílias brasileiras, e a história de Cecília é um reflexo doloroso dessa situação.

Mãe solteira, ela viu seu filho Túlio se afundar gradualmente na dependência do crack. Apesar de seus esforços incessantes para salvar o jovem, a situação se agravou ao ponto de Túlio começar a furtar na vizinhança para sustentar seu vício. 

O episódio culminante ocorreu quando ele foi preso em flagrante tentando roubar um botijão de gás da casa ao lado.

Para Cecília, esse momento foi um misto de desolação e alívio: tristeza pelo destino de seu filho e um respiro, por saber que ele estaria ao menos, temporariamente, seguro das ruas, apesar de ciente das condições terríveis das prisões brasileiras.

Sabemos que essa realidade é árdua e triste, refletindo o drama de muitas mães que enfrentam problemas similares.

Por isso, convidamos você a continuar a leitura deste artigo, para entender profundamente os motivos pelos quais o uso de drogas pode levar à prisão e explorar as complexidades que envolvem a justiça e o tratamento de dependências no Brasil.

Por que quem usa droga pode ir preso?

Sabemos que a pessoa que usa drogas pode, além de comprometer a saúde física e emocional, enfrentar sérias consequências legais, principalmente em dois cenários principais:

Tráfico de Drogas

A posse de grandes quantidades de drogas frequentemente leva às autoridades a presumirem que a pessoa está envolvida em tráfico, e não apenas em uso pessoal. 

O tráfico de drogas é considerado um crime sério e geralmente resulta em penas de prisão mais longas. 

Mesmo que a intenção da pessoa não seja vender, a mera posse de uma quantidade significativa pode ser suficiente para uma acusação de tráfico.

Comportamentos de Risco e Desespero

Em situações de dependência severa, algumas pessoas podem recorrer a atos ilegais como roubo ou prostituição para financiar seu vício.

Dessa forma, essas ações são também criminalizadas e podem levar à prisão. Esses comportamentos refletem a gravidade da dependência e a necessidade urgente de tratamento e suporte, mas ainda assim são tratados pela lei como crimes.

Assim, em ambos os casos, as consequências são graves e destacam a importância de políticas que focam em tratamento e reabilitação em vez de apenas punição.

Crimes comuns cometidos por usuários de drogas

Usuários de drogas, especialmente aqueles que desenvolvem uma dependência severa (como os de crack e cocaína), podem estar envolvidos em uma variedade de crimes.

Muitas vezes como resultado direto da necessidade de sustentar o vício. Por isso, aqui estão alguns dos crimes mais comuns:

Roubo, furto, assalto

Esses crimes são frequentemente cometidos como meios de obter dinheiro rápido para comprar drogas. 

O roubo e o assalto incluem a ameaça ou uso de violência, enquanto o furto envolve a subtração de bens sem confronto direto.

Tráfico de drogas

Além de ser um usuário, uma pessoa pode se envolver no tráfico de drogas para financiar seu próprio consumo ou como uma forma de vida, devido à falta de oportunidades de trabalho ou outros fatores sociais e econômicos.

Homicídios, agressão

Em alguns casos, o uso de drogas pode estar associado a uma maior propensão à violência, especialmente se as drogas alterarem significativamente o estado mental do usuário ou se houver disputas relacionadas ao tráfico de drogas.

Negligência e maus tratos

Usuários de drogas podem negligenciar suas responsabilidades para com filhos ou dependentes, resultando em maus tratos ou negligência. 

Isso pode ocorrer devido à incapacidade de cuidar adequadamente de outros enquanto sob o efeito de substâncias.

Dependente químico preso: o que acontece agora

 

Quando um dependente químico é preso no Brasil, ele é inserido em um sistema carcerário que enfrenta graves problemas estruturais e de superlotação.

O que pode resultar em um ambiente que pouco contribui para a reabilitação e mais frequentemente agrava o ciclo de violência e criminalidade.

Assim, o sistema carcerário brasileiro é marcado pela superlotação, com um déficit de vagas significativo. 

O que leva a condições precárias de vida nas prisões, onde os detentos enfrentam restrições severas no acesso a recursos básicos como água potável, higiene e alimentação adequada. 

Ao mesmo tempo, relatos de maus-tratos, violência física e psicológica, e o uso excessivo de medidas disciplinares severas, como confinamento solitário, são comuns.

Além disso, um grande número de presos são “presos provisórios”, ou seja, ainda não foram julgados, o que indica uma lentidão no processo judicial e uma aplicação desproporcional da detenção antes da sentença.

As prisões acabam sendo utilizadas como uma solução de primeiro recurso, mesmo para crimes de menor potencial ofensivo

Tais condições não apenas falham em oferecer uma chance real de recuperação para os dependentes químicos, mas também os expõem a um ambiente onde a violência e a filiação a facções criminosas podem se tornar mecanismos de sobrevivência.

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Prisões no Brasil: um panorama por cor e crime

Segundo o Politize, o sistema carcerário brasileiro apresenta uma distribuição desigual quando analisado pela cor dos presos e os crimes pelos quais são detidos. 

A população carcerária é majoritariamente composta por indivíduos pardos e negros, que representam 49,88% e 16,81% respectivamente, destacando-se a desproporcionalidade racial nas prisões do país.

A composição educacional também reflete desigualdades, com um número significativo de presos sem educação fundamental completa ou com baixa escolaridade​.

O sistema carcerário brasileiro apresenta uma distribuição desigual quando analisado pela cor dos presos e os crimes pelos quais são detidos. 

A população carcerária é majoritariamente composta por indivíduos pardos e negros, que representam 49,88% e 16,81% respectivamente, destacando-se a desproporcionalidade racial nas prisões do país. 

A composição educacional também reflete desigualdades, com um número significativo de presos sem educação fundamental completa ou com baixa escolaridade​ (Home | Politize!)​.

Em relação aos tipos de crimes, a distribuição mostra que a maior parte das prisões ocorre devido a crimes contra o patrimônio e infrações relacionadas à Lei de Drogas, que são predominantes nas penitenciárias. 

Estes dados são indicativos das dinâmicas sociais e econômicas que influenciam o encarceramento no Brasil​.

Com relação a escolaridade, também devemos avaliar esta questão:

  • 317.542 pessoas não completaram o Ensino Fundamental.
  • 101.793 pessoas não completaram o Ensino Médio.
  • 18.711 pessoas são consideradas analfabetas.
  • 66.866 pessoas completaram o Ensino Médio.
  • 4.181 pessoas possuem Ensino Superior completo.

Como tratar a dependência química com eficiência

Tratar a dependência química de forma eficiente é crucial para prevenir o desenvolvimento de um quadro de dependência crônica e evitar consequências graves, como o envolvimento com a justiça e prisão. 

Aqui estão algumas estratégias fundamentais para um tratamento eficaz:

Acompanhamento Médico

O tratamento da dependência química deve sempre começar com uma avaliação médica completa. 

Profissionais de saúde podem diagnosticar a extensão da dependência e oferecer um plano de tratamento personalizado que pode incluir desintoxicação em um ambiente controlado.

Medicação

Existem medicamentos específicos que podem ajudar a controlar o desejo pela substância, reduzir os sintomas de abstinência e tratar quaisquer condições psiquiátricas concomitantes. 

Estes medicamentos devem sempre ser prescritos e monitorados por um médico, pois ajudam a melhorar a qualidade de vida do usuário, permitindo uma maior clareza mental e redução da ansiedade.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

A TCC é uma das formas mais eficazes de psicoterapia para tratamento de dependência química. 

Este tipo de terapia ajuda os indivíduos a identificar e modificar pensamentos e comportamentos problemáticos, ensinando habilidades para lidar com diferentes situações e evitar recaídas.

Rede de Apoio

 O suporte de familiares, amigos e grupos de apoio é essencial. Uma rede de apoio ativa pode proporcionar o encorajamento necessário para continuar o tratamento, além de ajudar na reintegração social do indivíduo.

Narcóticos Anônimos (NA) e Alcoólicos Anônimos (AA)

Participar de grupos de apoio como o NA e o AA pode ser extremamente benéfico. Estes grupos proporcionam um ambiente de suporte mútuo, onde os participantes compartilham experiências e se fortalecem mutuamente na jornada de recuperação.

Leia mais conteúdos importantes:

Renan Rugolo Ré

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